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“Ilusão” e “Maya” São Apenas Aspectos da Lei
A Verdade Governa o Universo
Pergunta:
Até que ponto é possível dizer, como afirmam certos estudantes de tradições orientais, que tudo no universo é “maya”, ou seja, que “tudo é ilusão”?
Comentário:
A palavra sânscrita “maya” tem pelo menos dois sentidos.
Por um lado, “maya” é aquele nível de ilusão que nos rodeia na vida diária e que pode e deve ser identificado e descartado, para que alcancemos novos níveis de percepção da realidade. Neste sentido, maya é a ilusão dos cinco sentidos. Os olhos, por exemplo, são instrumentos obviamente limitados para sondar a realidade. Usando microscópios e telescópios, podemos ver muito mais. Esta ampliação de percepção ocorre em todos os aspectos da vida. O estudo da teosofia nos permite ver o contraste entre o que é ilusório e o que é verdadeiro na vida como um todo e não só no plano físico.
Por outro lado, maya é também um termo filosófico aplicado ao universo em seu conjunto. “O universo é maya” diz a filosofia hindu. Mas, neste caso, “maya” não significa nada que possa ou deva ser descartado, pelo menos no estágio atual da nossa humanidade.
A natureza e o universo são vistos como ilusão apenas no sentido de que, como estão em evolução, não são a Realidade Eterna e Imutável. É neste sentido que a filosofia oriental usa a palavra “maya”. O universo é uma realidade em evolução. Portanto ele parece precário, isto é, ilusório. Mas se aceitarmos, por outro lado, que a verdadeira realidade do universo é o movimento eterno, então ele passa a ser aceito como algo que é muito real, ainda que não seja a verdade suprema e imutável. A ideia faz sentido porque, segundo a filosofia esotérica, o movimento − inclusive o movimento cíclico − é eterno e infinito no espaço absoluto.
“Maya”, o universo que evolui, é verdadeiro. Ele apenas não é o princípio supremo e absoluto do qual nada pode ser dito.
Uma evidência indiscutível de que o universo é verdadeiro − embora não seja a verdade absoluta e indescritível − está no fato de que a Lei e a Verdade governam cada um dos seus aspectos e das suas dimensões. As inteligências divinas que informam e orientam a natureza e o universo em movimento podem ser reconhecidas não só pelos místicos de todas as religiões e pelos filósofos de escolas tanto orientais como ocidentais, mas também pelos homens de mentalidade mais terrestre através da linguagem da química, da física, da astronomia, da biologia, da matemática e assim sucessivamente. Cada linguagem, cada abordagem, permite “ler” um aspecto diferente do trabalho das inteligências universais. A ilusão está na superfície, e a verdade na essência do universo.
Pergunta:
Então a palavra “maya” não significa apenas “uma ilusão a ser descartada”, mas também significa “a realidade do universo em evolução, um processo que avança em direção à verdade, de acordo em todos os seus detalhes com a lei do carma, da justiça e da harmonia.”
Comentário:
Sem dúvida. Exatamente. Por exemplo: as ilusões e desilusões que as almas individuais dos membros da nossa humanidade vivem são apenas estágios do aprendizado, e todas elas estão imersas na Lei. Nenhum sofrimento injusto deixa de ser compensado. Enganos e desenganos fazem parte da Lei da justiça e pertencem ao plano de evolução descrito amplamente na obra “A Doutrina Secreta”, de H. P. Blavatsky. Do ponto de vista da nossa humanidade, o caminho da sabedoria é trilhado identificando e destruindo as ilusões que surgem do eu inferior.
Pergunta:
Como assim?
Comentário:
A visão teosófica da natureza é dinâmica. O universo é percebido como uma unidade em movimento. Assim como existem diferentes níveis de manifestação ou evolução do universo, há também vários níveis de maya (ilusão) a serem transcendidos, e diferentes níveis de verdade (libertação), a serem alcançados, em cada etapa da caminhada.
Maya, para o estágio humano atual, é a realidade vista pelo eu inferior, isto é, o nível de consciência que se limita ou ilude pelos cinco sentidos e pela memória pessoal. O verdadeiro, para nós, é a realidade vista pelo eu superior, isto é, aquele nível de consciência em que se percebe, compreende e vivencia aquilo que une as diversas encarnações da mesma alma espiritual. O eu superior vê simultaneamente o vazio e a plenitude da evolução do cosmo, do sistema solar e da alma humana. A cada vazio corresponde uma plenitude. Ver só Plenitude na realidade seria tão ilusório quanto ver só Vazio. Paradoxalmente, é mayávico achar que só há “maya” no universo. Há “maya” e há lei; há aparência e há essência, há matéria e espírito, há o fugaz e há o eterno.
Na caminhada humana, a cada vazio corresponde uma plenitude, que ocorre no plano imediatamente superior. Por isso a prática da renúncia (que é a aceitação do aspecto Vazio budista) leva, na realidade, à plenitude e à libertação. Nos termos de São Francisco de Assis:
“É morrendo (isto é, aceitando o Vazio), que se nasce para a vida eterna (isto é, a Plenitude).”
Isso é o mesmo que trasladar o foco médio de consciência do eu inferior para o eu superior. A renúncia − a compreensão do caráter ilusório da vida tal como ela se apresenta aos cinco sentidos − abre as portas para a percepção do real em um plano superior que é o próximo estágio do aprendizado da alma.
Os seres humanos não estão sós ou desamparados. É verdade que o deus monoteísta é uma ilusão fabricada por sacerdotes; mas a lei divina e a inteligência implícita do universo são realidades perceptíveis. Isto tem sido experimentado e demonstrado por inúmeros pesquisadores independentes, sábios e místicos de todos os tempos e lugares, entre eles Albert Einstein. A Lei está em toda parte, inclusive no âmago da consciência individual de cada cidadão.
Pergunta:
Será devido ao fato de que não compreendem a lei da ética, que os sofistas e pseudo-espiritualistas fazem um uso distorcido do conceito de maya?
Comentário:
Sim. Aquele que não tem ética pensa, simploriamente, ou pelo menos afirma, que “tudo é maya, tudo é ilusão”. A partir disso, ele tenta tirar proveito fazendo ilusionismo, e acha que pode driblar a lei do carma. Na verdade, “maya” nunca se afasta da Lei e é de fato uma manifestação da Lei, uma manifestação em constante aperfeiçoamento. O espertalhão sempre colherá o fruto do que plantou. O mesmo acontece com quem é honesto. Sob a aparência enganosa ou imperfeita de “maya”, funciona silenciosa e infalivelmente a lei da justiça. A lei do carma não é maya. A lei do carma é a lei eterna.
O ditado popular afirma que “Deus escreve certo por linhas tortas”. Na verdade, a Lei escreve corretamente a história da evolução, usando as linhas aparentemente tortas de “maya”.
O preço do progresso é o desapego. Todos os seres evoluem em direção à verdade e à plenitude, e só conseguem fazer isso descartando níveis mais precários de visão, a que se pode chamar de maya. Os diversos níveis de maya e de verdade ficam mais claros quando observamos o que são o espaço e o tempo para diferentes níveis de inteligência.
Para o ser humano, um período de 24 horas é “maya” no sentido de que é algo fugaz e passageiro. Mas, para certos insetos, 24 horas podem significar uma vida inteira. Por outro lado, para os humanos, o período de um século pode parecer um longo tempo. No entanto, para os grandes sábios e mestres o que conta são períodos de dezenas de milhares − ou milhões − de anos, como podemos ver e estudar em “A Doutrina Secreta”.
O mesmo ocorre em relação à noção de espaço. A idéia de espaço de um inseto é modesta se comparada com a dos humanos. A noção de espaço de um ser humano é mais ampla, e se expandiu muito de 500 anos para cá, graças ao avanço das ciências. Mas a noção de espaço de um grande sábio, um Mahatma, é imensamente maior e mais complexa que a dos humanos. Os mestres e Iniciados compreendem os vários níveis do Akasha – o Espaço tal como percebido daquele ponto de vista que enxerga além dos cinco sentidos.
O processo iniciático consiste, precisamente, em romper um a um com os níveis e círculos de maya, chegando, assim, a novos níveis e círculos de percepção da verdade universal. Tal caminhada não é apenas algo que vale a pena. É também a marcha natural da evolução humana. Mas deve-se admitir que nem sempre é fácil para o aprendiz abandonar o joio a que está emocionalmente acostumado, para alimentar-se do trigo que só agora vê vagamente e pela primeira vez. Mas o velho método da tentativa e do erro, e da correção pelo menos parcial do erro, seguida de uma nova tentativa e de mais outra, continua sendo o único método eficaz.
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